O Pior Filme da Década? Ficção Científica do Prime Video Vira Piada na Internet

Uma das histórias de invasão alienígena mais icônicas de todos os tempos recebeu uma adaptação tão desastrosa que se tornou viral pelos motivos errados. “War of the Worlds: The Attack”, disponível no catálogo do Prime Video e estrelado por Ice Cube, tinha uma proposta que poderia ser interessante: adaptar o clássico de H.G. Wells para a era digital, transformando a paranoia de uma invasão extraterrestre em uma discussão sobre a vigilância e o controle de dados. No entanto, o resultado é um filme caótico e involuntariamente cômico, considerado por muitos um dos piores dos últimos anos.
Uma Invasão Alienígena Resolvida por Videochamada
A trama inteira se desenrola na tela do computador de Will Radford (Ice Cube), um agente do Departamento de Segurança Nacional dos EUA. Sua missão é nada menos que salvar o mundo de uma aniquilação iminente, tudo isso sem se levantar de sua cadeira ergonômica. Acompanhamos a crise global através de suas janelas do Microsoft Teams, videochamadas e um acesso ilimitado a todas as câmeras de vigilância imagináveis.
O roteiro tenta estabelecer a dimensão do poder de Will de forma bizarra. Em uma das primeiras cenas, ele liga para sua filha grávida, Faith (Iman Benson), para reclamar que ela está comendo um muffin no café da manhã. Como ele sabe disso? Ele simplesmente acessou a câmera de dentro da geladeira dela. “Digamos que eu e sua geladeira somos bem próximos”, ele diz. Esse é o nível de vigilância que o filme apresenta como normal antes mesmo de os alienígenas aparecerem. Quando a invasão de fato começa, a ação se resume a intermináveis sequências de Ice Cube com uma expressão séria, teclando furiosamente e gritando ordens para a tela.
O Fracasso do Formato “Screenlife”
A decisão de contar essa história épica através do formato “screenlife” — onde toda a narrativa ocorre em telas de dispositivos — é o principal problema do filme. Esse subgênero do “found footage” já provou seu valor em thrillers contidos, como “Amizade Desfeita” (2015) e “Buscando…” (2018), que usam a limitação do formato para criar tensão.
Aqui, a escolha se mostra completamente inadequada. Uma história sobre a destruição de cidades e o pânico em massa simplesmente não funciona quando vista por um único monitor de escritório. O produtor Timur Bekmambetov, um dos pioneiros do gênero, comparou a ideia à famosa transmissão de rádio de Orson Welles, que convenceu o público de que uma invasão marciana era real. “Naquela época, ele usou o rádio, a tecnologia mais popular, para fazer as pessoas acreditarem. Hoje, esse meio é a tela dos nossos aparelses”, afirmou. A comparação, no entanto, não poderia ser mais infeliz, já que o filme falha miseravelmente em criar qualquer tipo de imersão ou suspense.
Uma Produção Repleta de Erros Técnicos
Além de uma premissa mal executada, o filme sofre com falhas técnicas gritantes que quebram qualquer tentativa de realismo. Em várias cenas, o reflexo do “green screen” (fundo verde) usado para simular a tela do computador é claramente visível nos óculos de Will.
O erro mais absurdo, no entanto, é um movimento de câmera impossível para o formato. Em um momento de grande revelação, a câmera — que deveria ser uma simples webcam estática — realiza um “dolly zoom”, um efeito cinematográfico complexo que exige um movimento físico da câmera. Esse detalhe técnico expõe a falta de cuidado da produção e transforma o que deveria ser um thriller de ficção científica em uma experiência frustrante e, por vezes, cômica, que desperdiça tanto uma história clássica quanto o talento de seu protagonista.